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Monumentos a la Victória - Mario Espliego

2018

Com o fim da II Guerra Mundial, foram construídos, na antiga República Socialista Federal de Iugoslávia, sob o mandato de Josep Broiz Tito, uma série de monumentos e memoriais em homenagem à resistência antifacista e a seus milhares de mortos. Formalmente, estes monumentos são um exemplo paradigmático e único para sua época. As composições de forte caráter construtivista, distantes do referencial e triunfalista de alguns monumentos soviéticos da mesma época, pretendiam comemorar as batalhas de um forma não-personalista. A situação na Espanha foi bem diferente: após a vitória do bando sublevado contra a República, a construção da história ficou em mãos dos vencedores, que pendiam à glorificação dos vitoriosos e à condenação dos derrotados.


O projeto Monumentos a la Victoria quer intervir nessa história à partir de uma pergunta simples: o que teria acontecido se os antifascistas tivessem vencido a guerra civil? Talvez um dos lugares homenageados teria sido a batalha ocorrida na Cidade Universitária de Madrid, onde teve lugar uma das mais importantes e decisivas batalhas da Guerra Civil Espanhola, e que, ainda hoje, continua sem receber nenhum elemento ou alusão que dê conta do ocorrido. Possivelmente estes e outros relatos silenciados, longe de ficarem guardados nos departamentos de história, teriam convivido com o presente e com a reconstrução da cidade.



Nas palavras de Jill Bennet, “a arte não representa o que já aconteceu, senão que estabelece as condições para relacionar-se com o sucedido”, portanto a arte é um exercício utópico que insiste em sulcar a história para além de um caráter historiográfico. A arte trata de recolocar o presente em outra linha de construção. Os atos de memória, segundo Mieke Bal, são atualizações do passado por meio de transmutações de atos de significado, efetuadas no presente.


O passado afeta o presente, toca-o, convive com ele e é parte fundamental do presente. Ou ainda, o passado não passou ainda, não pertence a um tempo longínquo e fechado, mas a um tempo ativo. Por isso hoje resulta como mínimo agradável, imaginar a vitória e a comemoração que não ocorreu.


Artista

Mario Espliego

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